Afinal foi rápido. Anunciado há menos de um mês, a ERS divulga a sua proposta de reestruturação das convenções nos prestadores de serviços de saúde.
Ainda hoje - a propósito ou não - saiu uma notícia sobre uma afamada clínica radiológica em que um desqualificado fazia Rx, ecografias e outros exames.
Contam-se histórias mirabolantes, inacreditáveis, de uma irresponsabilidade gananciosa extrema, com consequências para a saúde potencialmente gravíssimas. Isto sem querer contribuir para o alarme público - se é que isso existe num país habituado a quedas de pontes, resíduos tóxicos misturados com nabiças, etc., etc..
Li o Sumário Executivo, o Relatório e, com especial atenção, as Recomendações.
Na generalidade os documentos estão bem elaborados, reflectem adequadamente a realidade, parecem bem intencionados e corajosos.
Analisemos pois as recomendações na área que conheço, as análises clínicas:
1- Acesso às convenções:
A oferta de prestadores é relativamente limitada; mesmo num hipotético sistema de livre concorrência não prevejo a abertura de muitos novos laboratórios, especialmente quando se assiste a um fenómeno de concentração (que no entanto poderá ser limitado num cenário de liberalização e fiscalização) e quando se adivinha uma tendência de menor comparticipação pelo Ministério da Saúde; mesmo assim, seria desejável e prudente fixar uma capitação mínima de instalação, por julgar que a concorrência desregulada no sector da saúde nunca traz benefícios para os financiadores e para os doentes.
A instalação de laboratórios deveria ter sempre prioridade sobre a instalação de postos de colheita, garantindo os benefícios da proximidade ao doente e evitando o tráfico de amostras.
Concursos públicos claros e céleres.
2- Fiscalização:
Toda. Rigorosa. Penalizadora. Dura. Quanto mais melhor, desde que competente.
3- Preços:
Devem fixar-se com seriedade, considerando o método e o procedimento utilizado (há muitas maneiras de fazer um HIV...), ouvindo os profissionais, definindo bem o que se paga e quanto se paga. Deve haver estabilidade de preços, as regras não podem mudar todos os anos, sob pena de se tornar impossível fazer planeamento de investimentos de médio-prazo em qualidade.
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Esperando o tal Godot, ou isso
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